A Oficina Brennand, um dos marcos de Recife, surgiu em 1971 nas ruínas de uma fábrica de cerâmica, como projeto do artista Francisco Brennand. O espaço, um complexo monumental de 15km2, "tornou-se fonte inspiradora e depositária da história do artista pernambucano" e agora passa por um novo momento institucional e terá um novo plano diretor que propõe intervenções nos espaços desativados do instituto, assinado pelo escritório paulistano METRO Arquitetos Associados.
O projeto está sendo executado em fases, com previsão de duração de três anos, e tem o intuito de melhorar o fluxo interno de pessoas, aumentar a capacidade de visitantes e criar novos espaços para as atividades proporcionadas pela Oficina Brennand.
A repaginação inclui ainda ampliação das áreas expositivas, um espaço para sediar as residências artísticas e educativas, dois estacionamentos e o remanejamento do local do restaurante e da loja, posicionada ao lado de um novo e amplo acolhimento – instalado em um galpão desativado – apto a receber grandes públicos com toda a infraestrutura necessária: bilheteria, informações, banheiros, entre outras melhorias.
Segundo os arquitetos, uma das tarefas mais complexas na concepção do projeto foi encontrar uma forma de balancear as interferências efetuadas no espaço com a preservação da personalidade e alma deixadas pelo artista no local.
“O maior desafio da implementação e da concepção do projeto é conseguirmos conciliar as demandas e necessidades de uma instituição cultural para um público grande, com uma lógica de formação daquele espaço que era muito pessoal. Era importante encontrar um equilíbrio entre a dimensão muito íntima que o espaço físico tinha com uma instituição pública, de uso coletivo, com muita gente”, explica Martin Corullon, sócio-fundador do escritório de arquitetura.
“O METRO tem um portfólio amplo de projetos arquitetônicos para importantes instituições culturais do Brasil, como o MASP e o SESC, entre muitos outros. Além dessa expertise, costumam adotar uma linha de trabalho com propostas de renovações, mas que preservam as características seminais e históricas do espaço original e um local tão singular como a Oficina Brennand, que carrega uma longa história, desde seus tempos de olaria até se tornar o ateliê de Francisco Brennand, precisava desse olhar nesta nova fase institucional”, explica Marianna Brennand, diretora presidente da Oficina.
Uma das primeiras intervenções do METRO Arquitetos pode ser vista na exposição Devolver a terra à pedra que era: 50 anos da Oficina Brennand, em cartaz entre 21 de novembro a 12 de outubro de 2022. A mostra, uma individual em homenagem a Francisco Brennand, traz ao público cerca de 200 itens, entre pinturas, esculturas, gravuras, serigrafias e documentos, muitos deles inéditos, abrangendo toda a trajetória do pernambucano falecido em dezembro de 2019, aos 92 anos.
Corullon e Cedroni realizaram uma minuciosa análise e propuseram adaptações com uma abordagem museológica para o espaço. “A ideia é requalificar os espaços pensando no novo momento institucional da Oficina Brennand. São intervenções pontuais que respeitam e dialogam com o espaço e história da instituição”, conta Gustavo Cedroni, sócio-diretor do METRO.